segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Leitura incansável

Ler é minha cura. A profilaxia inesgotável que encontrei para curar toda a confusão e distorção que me abriga o peito. As tais borboletas no estômago. As voltas que a vida dá, em conjunto à todos esses sustos por trás da porta, que o destino me prega sempre. E que caio, tentativa pós tentativa, surpreendida e boquiaberta. Diante de uma variedade biblioteconômica vasta, interna, e preferida, é como se escolhesse o mesmo livro de capa vibrante, e palavras espirituosas. Como aquelas menininhas, que pedem à mãe ou ao pai, antes de dormir, que contem a história que já conhecem, e a escutam como se fosse a primeira - e última - vez. Nunca adormecendo, e sempre deixando o medo subir o estômago, nas partes tensas. O mesmo conto interminável, se tornando quase novela, e ao qual, nunca consigo dar fim. Juntar primeira e última páginas, capa e contra-capa, e zás: acabou. Nem mesmo quando apago o número do meu telefone celular, e me forço a não comentar toda essa sandice com mais ninguém, o folhetim termina. Esses tais analfabetos, de cultura pobre, e que não compreendem a mágica que me abre em vida, e é poder passar os olhos mais uma vez por linhas que ainda não conhecia, atitudes que não esperava e então, sorrisos que preenchem caracteres, capítulos consequentemente escritos. Teus cabelos que gosto tanto, e o sorriso o qual poderia olhar por semanas, sem me cansar. Dobrando a orelha, algumas vezes, pra marcar a página, e não esquecer na vida: dar pano pra manga, registro à biografia pessoal. Nessa história onde você já foi mocinho, vilão, príncipe e calhorda, hoje te prefiro ao meu lado e em carne e osso: humano. Que é assim, pra que não seja necessário se nomear, mas que se viva. Como duas pessoas com vontades e rompantes, loucuras, arrependimentos e sangue na veia. Mesmo que às vezes, eu sinta vontade e prometa à mim mesma que não vou até o fundo, muito menos até o final, e fico mesmo sem desconhecer aonde tudo isso dará - curiosa que sou, não me cumpro, e não viro a página, nem  escondo o livro do meu campo de visão. Torço para um happy ending certeiro, mas continuo apostando nessas indas e vindas malucas. Deixando minhas orações, simpatias e pensamentos positivos totalmente infundados em fé, e fazendo até mesmo você desistir de empunhar a espada à minha reticente fuga carnal, quando não em conjunto ao sentimento interno. Porque mesmo te vendo dormir, frente ao dia cinzento que teremos pela frente, escuto a sua respiração enquanto leio algum artigo qualquer, e penso que nem ao menos eu quero que isso tenha fim; ou nome. Apenas toca o despertador: aqui dentro, alarme nenhum dispara feito o meu coração, quando você me assusta, na escuridão do corredor, ou atrás da porta. Ou me olha nos olhos, matando qualquer saudade restante, e aflita. Que some; se refugia. Em mim, em ti.
Mais uma vez, te guardo embaixo do travesseiro, para saborear quando quiser cada parágrafo de novas e intensas emoções, e ir tentando chegar ao final, sem nem saber ao certo quando será. Com alguns delírios, massagens nas costas e o mistério que a gente nem se ocupa mais tentando descobrir. Quando menos esperarmos, aqui está ele, e eu continuo lendo você. Apenas para te escrever depois, é claro.

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